segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um Código, Mil Interesses



   A votação do Código florestal, que regulamenta a exploração de terras no Brasil, escancarou o tamanho de interesses divergentes que cercam o assunto. E mais: vem colocando à priva a eficácia de funcionamento da imensa base aliada que apoia o governo Dilma. Começando por esse capítulo, o leque de simpatizantes partidários da presidente é de tal ordem que abriga, do mesmo lado, desde ambientalistas e ruralistas – segmentos sociais que vivem tradicionalmerte às turras para fazer valer os seus direitos. No que se refere ao Código Florestal, um grupo lebanta a bandeira da preservação ambiental a todo custo, enquanto o outro aponta que a atividade agrícola vem sendo tratada como algo ilegal, em diversas regiões, e que isso está comprometendo a competitividade do setor. O governo segue exprimido entre os dois argumentos e a votação patina no Congresso. Quem está certo? Ou até onde cada um pode avançar sem ferir o espaço do outro? É sabido, o Brasil está entre os países com mais áreas protegidas do mundo. Possui 2,4 milhões de quilômetros quadrados, ou 28% do seu territ[orio, sob condição de controle absoluto, onde não há chances de exploração. Quem mais se aproxima em termos de rigidaz na limitação do uso da terra é a China, com 17% do território. Por outro lado, é aqui que ocorrem índice recorde de desmatamento – em muitos casos se sentido, nem para uso produtivo –, comprometendo seriamente o meio ambiente e as riquezas naturais. O novo código quer disciplinar essa utilização anárquica dos recursos naturais com a definição de um marco regulatório ambiental. Para tanto, autoridades do Planalto não estão medindo esforços. Chegaram a cogitar a redução da dívida agrícola de alguns produtores que venham a recuperar áreas de proteção. Embora bem-intencionada, a proposta oficial abre margem para aproveitadores. Um levantamento mostra que quase 30 parlamentares que tentavam acelerar a aprovação do código para se livrar de multas milionárias e se beneficiar de desmatamentos irregulares. A concepção do Còdigo Florestal deve evitar a ação desses aproveitadores e harmonizar o imenso coldeirão de interesses em jogo, contemplando cada um com regras objetivas e justas, em prol do País.

Carlos José Maruqes, diretor editorial da revista Isto É.
Postado por Anna Leticia Giacomelli.

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