O maior poluidor do mundo, a China, está se transformando num surpreendente líder em energias limpas, deixando para trás potências do setor como Estados Unidos, Japão e Austrália. A confirmação mais recente dessa tendência está no relatório "The Vivid Economics", encomendado pelo Instituto do Clima da Austrália e divulgado no fim de outubro de 2010.
De acordo com o estudo, a China só perde para a Grã-Bretanha em termos de incentivos para reduzir a poluição causada pela geração de eletricidade. O país europeu desembolsa US$ 29,30 por tonelada de carbono, ante US$ 14,20 do gigante asiático. Os ocupantes das posições seguintes estão bem longe desse patamar: US$ 5,10 nos EUA, US$ 3,10 no Japão, US$ 1,70 na Austrália e US$ 0,70 na Coreia do Sul. Juntos, esses seis países são responsáveis por quase 50% das emissões globais.
A guinada verde da China está lastreada sobretudo em fatores geopolíticos e ambientais. O país se tornou um voraz consumidor de petróleo, num volume muitíssimo superior ao de sua produção. O resultado é a dependência de outros países, algo sempre delicado no contexto de uma superpotência nascente. No caso do carvão, não há dependência – o país repousa sobre as maiores jazidas do mundo –, mas os chineses já perceberam que utilizá-lo da forma atual constitui um mau negócio. As antigas e precárias termoelétricas a carvão respondem pela maior parte da pesada poluição atmosférica que atinge o país, detentor, segundo o Banco Mundial, de 20 das 30 cidades mais poluídas do planeta. (Entre elas se inclui Pequim, sede dos Jogos Olímpicos de 2008, e a intenção de promover uma "olimpíada verde" teve forte relação com os esforços ambientais chineses.)
As autoridades chinesas assumiram o compromisso de fechar mais de cem das antigas usinas a carvão e abrir até 2011, em troca, termoelétricas movidas com o mesmo combustível, mas dotadas de tecnologia mais moderna e menos poluidora. Apenas essa mudança já traria uma redução de 15% nas emissões de poluentes. Outra medida de impacto envolve os subsídios destinados a projetos de energia renovável: os chineses têm aplicado bilhões de iuanes nesse setor, com a expectativa de fazê-lo responder por 15% da matriz energética do país ao redor de 2020. A meta se integra ao plano do governo de cortar, em mais uma década, as emissões de dióxido de carbono por unidade de produto interno bruto (PIB) em aproximadamente 45% dos níveis de 2005.
O clima favorável às energias renováveis no país foi devidamente registrado no mercado econômico internacional. Em um estudo preparado pela consultoria Ernst & Young em setembro de 2010, a China surgiu como o lugar mais atraente para investir em energia renovável, destronando os EUA. Até fundos de investimento norteamericanos têm aplicado nessa área. Com caixa abarrotado, o governo chinês fica ainda mais à vontade para tocar seu programa de energias verdes. Um reflexo disso é que 39% das turbinas eólicas produzidas este ano vêm de fábricas chinesas, ante 12% dos EUA. A diferença fica ainda maior no caso dos painéis solares: 43% deles têm origem na China, ante 9% nos EUA. As energias verdes são altamente lucrativas, e os governos começam a perceber que é um om negócio investir no meio ambiente.
Fragmento da reportagem de Eduardo Araia- Planeta - Dezembro/2010
Postado por Anna Leticia Giacomelli
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